25 junho 2006

Sandokai

O espírito do grande sábio da Índia transmitiu-se
Intimamente, diretamente, secretamente,
Do Leste para o Oeste.
Entre seres humanos, há sábios e tolos,
Mas no caminho não há patriarcas do sul ou do norte.
A fonte espiritual é pura e brilhante,
Sós os afluentes barrentos correm na escuridão.
Apegar-se às coisas é causa de ilusão.
Seguir e encontrar o absoluto
Não é a verdadeira iluminação.
Um e todos, o sujeito e o objeto estão relacionados
E, ao mesmo tempo, são independentes.
Estão relacionados, mas funcionam diferentemente,
Mantendo cada um o seu próprio lugar.
A essência de todos os objetos visíveis possui segundo cada objeto
Qualidades e aparências distintas.
A origem da voz altera-se segundo a alegria
ou sofrimento.
Esta profundeza obscura é o mundo
Da combinação dos elementos
Em todas as direções,
Acima, abaixo, ao meio.
Mas em presença da luz, os objetos são claros,
E em sua posição existencial,
Podemos distinguir o que é puro do que é contaminado.
Os quatro elementos retornam à sua fonte
Assim como uma criança retorna à sua mãe.
O fogo esquenta, o vento se move,
A água é úmida, a terra é dura.
Para os olhos, há a cor,
Os ouvidos percebem os sons, o nariz, os odores,
A língua diferencia o salgado do doce.
Mas todas as existências, como as folhas da árvore,
São alimentadas pela raiz.
A origem e o fim procedem da mesma fonte: ku.
A origem e o fim regressam ao nada.
Nobre ou vulgar são empregáveis a vosso gosto!
Dentro da luz, há escuridão,
Mas não tente entender essa escuridão.
Dentro da escuridão, há luz,
Mas não procure por essa luz.
A luz e a escuridão são um par,
Como um pé na frente e um pé atrás ao andar.
Cada coisa tem o seu próprio valor
E está relacionada com tudo o mais na função e na posição.
A vida comum encaixa-se no absoluto
Como uma caixa à sua tampa.
O absoluto funciona junto com o relativo,
Como duas flechas se encontrando no meio do ar.
Recebendo estas palavras, deveis
Compreender a grande realidade.
Não julgueis por quaisquer padrões.
Se não podeis compreender o Caminho,
Mesmo quando andais neste Caminho,
Não o podereis alcançá-lo.
Ao avançar vossos pés,
Aqui e agora,
Não há perto nem longe.
A menor dúvida vos colocará
A rios e montanhas de distância dele.
Respeitosamente peço a vós que procurais o caminho,
Não desperdiceis vossos dias e noites em vão.